Aeroportos da Pampulha – Pampulha e Carlos Prates, em BH, estão na mira da nova rodada de concessões em estudo pelo governo federal

Depois de envolvido em polêmica sobre um possível retorno de operação de aviões de grande porte, o Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte agora pode ser privatizado.
Durante audiência na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado (CI) na manhã dessa terça-feira (8), o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, anunciou que o governo estuda a concessão de um bloco de aeroportos.

Além do terminal da Pampulha, estão no pacote o Carlos Prates, em BH, o Santos Dumont e Macaé, no Rio de Janeiro, e o de Vitória, no Espírito Santo. Haverá um bloco no Nordeste, composto por Recife, Maceió, João Pessoa, São Luís, Teresina, Aracaju, Petrolina e Juazeiro, e um no Centro-oeste, com Cuiabá, Sinop, Barra do Garça e Alta Floresta, todos em Mato Grosso.

Em março, o governo já havia leiloado os aeroportos de Fortaleza (CE), Salvador (BA), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS) por R$ 3,72 bilhões em todo o período da concessão, cerca de 23% acima do valor esperado, de R$ 3,014 bilhões.

“A primeira e a segunda rodada de concessões tiraram da Infraero o filé. A perspectiva a partir de agora é fazer concessões em bloco: aeroportos superavitários com deficitários. Para quem levar o filé levar o osso também”, afirmou o ministro.
Há uma década, o Aeroporto Carlos Drummond de Andrade – mais conhecido como da Pampulha – está no meio do furacão em torno de discussões sobre o transporte aéreo na capital mineira. Tudo começou em março de 2005, quando voos de longa distância foram transferidos para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na região metropolitana.

O terminal localizado na região da Pampulha passou então a operar apenas com modelos de menor porte, para aviação executiva e regional, além de serviços de táxi-aéreo.

Em maio deste ano, a Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) chegou a aprovar a liberação de voos de grande porte na Pampulha, durante reunião da diretoria colegiada.

Na ocasião, quatro dos cinco diretores aprovaram a medida. No entanto, pouco mais de uma semana depois, o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil baixou a Portaria 376/17, que determinou que a operação dos serviços aéreos ficaria limitada a rotas regionais, preservando o modelo atual de operação.

Na ocasião, o prefeito Alexandre Kalil (PHS) reclamou da “canetada” que teria sido determinada pelo secretário-geral da Presidência, Moreira Franco, e disse que continuaria lutando para que os grandes aviões voltassem a operar no terminal da capital mineira.

Nessa terça-feira (8), Kalil comemorou a decisão do governo de privatizar a Pampulha. “Acho até melhor que o aeroporto passe para a iniciativa privada”, afirmou por meio de sua assessoria de imprensa.

‘Mutirão de privatizações’ O ministro Maurício Quintella negou, no entanto, que a União tenha planos de privatizar a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Mas admitiu que há a possibilidade de abrir parte do capital da empresa, que acumula prejuízos bilionários.

“Vai possibilitar a melhora da gestão e troca de tecnologia. Se ficar decidido vender mais de 50%, a Infraero terá maior flexibilidade para suas compras. Estamos dando à Infraero condições de ser uma empresa sustentável”, justificou.

Ao ser questionado pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) sobre um “mutirão de privatizações” adotado pelo governo federal para minimizar a crise, Quintella afirmou que os primeiros lotes de concessão de aeroportos foram lançados na gestão de Dilma Rousseff (PT).

Em relação à abertura do capital da empresa, o ministro ponderou que a questão será decidida nas próximas reuniões do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). A primeira delas acontecerá no próximo dia 23. Também está em pauta a criação de uma nova estatal para ficar com os ativos da Infraero ligados à área de navegação e que se chamaria Nav Brasil. (Com agências)

Memória

 

Quase 90 anos

Arquivo/ EM

Inaugurado em 1930, o Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, o aeroporto da Pampulha, chegou a ser o sétimo terminal aéreo mais movimentado do país.

O recorde de passageiros foi batido em 2004, um ano antes do início da transferência de voos para o aeroporto de Confins, quando quase 3,2 milhões de pessoas passaram pelos seus portões, entre 76 mil chegadas e partidas.

O terminal tem aproximadamente 2 milhões de metros quadrados e capacidade para atender a até 2,2 milhões de viajantes/ano.

Atualmente, o terminal da Pampulha tem alguns voos regulares ligando Belo Horizonte a cidades do interior de Minas e estados vizinhos. Porém, a maior parte das operações está na aviação geral, incluindo a aviação executiva, que representa mais de 70% de todo o movimento de aeronaves do aeroporto.

-em

Relacionados

Comente sobre esse assunto:

Comentários