Balé Bolshoi – Cássia dos Santos e Matheus Ramos têm 11 e 12 anos, respectivamente. Eles vão para Joinville (SC) estudar na filial no Brasil do balé russo.

“E 1, 2, 3, 4. E 1, abre, 2, fecha. Encaixa os quadris”. As marcações são partes das aulas de balé dos estudantes mineiros Cássia Helena Alves dos Santos, de 11 anos, e Matheus Portela Ramos, de 12, que, recentemente, foram aprovados para estudar no renomado Balé Bolshoi, em Joinville (SC). Cássia mora em Pedro Leopoldo e Mateus, em Matozinhos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Os jovens concorreram a uma vaga para dançar no famoso balé russo. Uma pré-seleção foi realizada em maio, em Nova Lima, e a final no fim de outubro, em Santa Catarina. “O meu coração bateu muito forte. Vou levar essa experiência para o resto da minha vida. A gente não deve desistir do que gosta”, disse Cássia, com relação à aprovação. “Vejo as pessoas dançando e me inspiro”, completou.

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Cássia e Matheus vão integrar a equipe do Balé Bolshoi, em Joinville (SC). (Foto: Alex Araújo/G1)

Cássia começou a dançar há dois anos. De acordo com a mãe dela, a dona de casa Geralda Corrêa de Amorim Santos, de 42 anos, quando a filha era menor começava a se mexer quando via alguém dançando na televisão.

Já Matheus tem mais tempo de dança – seis anos. O pai, o aposentado José Geraldo Ramos, de 60 anos, disse que o filho começou a dançar no Núcleo de Arte – onde permaneceu por dois anos – e, atualmente, estuda no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. “Quero fazer da dança uma profissão”, disse o adolescente.

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Cássia e Matheus com os pais. (Foto: Alex Araújo/G1)

É uma rotina corrida. São mais de 100 quilômetros por dia para levar e buscar o filho na capital mineira. Mas o pai se orgulha do garoto. “Eu dou o maior apoio. Não tenho preconceito com relação a isso ou aquilo. Eu quero é que ele seja feliz”.

O mesmo pensamento tem a mãe, a dona de casa Elza Altina Portela, de 56 anos, que também apoia a carreira de bailarino do filho. Espoleta, além de dançar balé, Matheus também faz dança contemporânea, joga futsal e luta taekwondo.

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Jessica, Mirian, Regina e Natália com os alunos Matheus e Cássia. (Foto: Alex Araújo/G1)

Passado o primeiro desafio da aprovação, as duas famílias agora estão ansiosas para saber como vão se manter em Joinville, já que as aulas começam em fevereiro do ano que vem. Cássia deve ficar em terras catarinenses pelos próximos oito anos e Matheus, por sete. Eles concorreram com 650 candidatos.

Humildes, os pais vão deixar tudo para trás com o objetivo de realizar o sonho dos filhos.
O pai de Cássia, o eletricista automotivo Adeilton Alves dos Santos, de 43 anos, está apreensivo por deixar a oficina que tem em casa. “A gente é nascido e criado aqui em Pedro Leopoldo. Eu e ela [a mulher] vamos deixar tudo para realizarmos o sonho da Cássia”.

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Matheus Ramos e Cássia Helena dos Santos. (Foto: Alex Araújo/G1)

Santos também falou da diferença cultural entre as regiões Sudeste e Sul do Brasil, e disse que isso pode ser uma dificuldade a mais. Mas apesar das barreiras, eles não pensam em desistir da mudança.

A questão financeira é um dos pontos que mais pesam. Para conseguir as passagens aéreas para levar os filhos a Joinville, na época do teste, os pais tiveram paciência e uma certa dose de empreendedorismo. Adeilton e Geralda rifaram uma bicicleta para arrecadar o dinheiro.

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Alunos e a equipe do Núcleo de Arte. (Foto: Alex Araújo/G1)

Com a ajuda de conhecidos, amigos e parentes eles conseguiram vender 800 números durante três meses. A R$ 2 cada um, eles levantaram um montante de R$ 1,6 mil. A bicicleta custou R$ 350 e o valor líquido para a família Santos foi de R$ 1.250.

Os pais de Matheus também contaram com a ajuda de amigos e parentes e realizaram um festival de dança para ter o dinheiro e comprar as passagens de avião.

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Cássia, à frente, e Matheus, fazem aula de balé. (Foto: Alex Araújo/G1)

As professoras de dança Mirian Santos, Natália Vaz e Jessica Oliveira destacaram o emprenho e o talento dos alunos. Natália disse que desde o início viu em Cássia e em Matheus o potencial para dançar.

Mirian falou que Matheus tem muito potencial e que Cássia é disciplinada e comprometida com a dança. Jessica contou que o crescimento de Matheus foi tão rápido que o indicou para o Palácio das Artes e que Cássia tem talento de sobra.

Emocionada, a diretora do Núcleo de Arte, Regina Coeli, não poupou elogios aos jovens. “A Cássia vai longe. Ela nasceu pra dançar. O Matheus é mais ativo, mais levado, mas é muito talentoso. Todos eles merecem – tanto os pais quanto os filhos – o que está acontecendo com eles. Eu tenho certeza que eles vão vencer, eles não passaram por acaso. Eles vão ganhar o mundo. Eles têm estrela”, falou Regina.

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