BH tem deflação -Quem trinta anos ou mais nunca experimentou a sensação de ver os preços diminuírem de um mês para o outro. Pode até não parecer verdade, mas é isso o que está ocorrendo em Belo Horizonte, onde, pelo segundo mês consecutivo, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) foi negativa. A última vez que isso ocorreu foi em abril de 1994, no início do Plano Real, há 23 anos.

Em março, o IPCA de Belo Horizonte foi de -0,04; em abril, o índice caiu ainda mais, passando para -0,08, conforme informação divulgada esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice geral, que mede a inflação do país inteiro, foi positivo (0,14%). Mas ficou próximo de zero e corresponde a pouco mais da metade do IPCA do mês de março, que foi de 0,25%. Em todo o país, a tendência é de queda.

O IPCA mede os gastas das famílias que têm renda que varia de um a 40 salários mínimos. Por isso, é considerado o termômetro oficial da inflação brasileira, sendo, também, muito utilizado para a atualização de contratos. Além disso, o índice está atrelado a outras variáveis da economia brasileira, como a taxa básica de juros, a Selic.

O IPCA é apurado pelo IBGE em 12 capitais. Porém, Be     lo Horizonte foi a única que registrou índice negativo por dois meses seguidos este ano. O termo técnico usado para designar este fenômeno é deflação, que é o contrário de inflação. Na deflação, os preços diminuem de um mês para outro. Na inflação, ocorre o contrário: os preços sobem.

Eliana Nunes, coordenadora de Índices de Preços ao Consumidor do IBGE, atribuiu a desaceleração da inflação a três fatores: o primeiro é a safra recorde de grãos deste ano, que  será 26% maior que a do ano passado. Com a maior oferta de alimentos, seus preços tendem a cair, puxando o índice para baixo.

O segundo fator a pesar é, segundo ela, a crise econômica e o desemprego, que reduzem o poder de compra da população. O terceiro componente da desaceleração da inflação, de acordo com a economista do IBGE, é a redução dos preços da energia elétrica em 6,3%, forçando para baixo o custo das despesas com “habitação”.

A redução da tarifa de energia foi influenciada por descontos aplicados sobre as contas, por decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica, de modo a compensar os consumidores pela cobrança indevida, em 2016, do chamado Encargo de Energia de Reserva, destinado a remunerar a usina de Angra III.

Em Belo Horizonte, os produtos e serviços que compõem o grupo “habitação”, do qual a energia elétrica faz parte, foram os que tiveram a maior queda: – 1,36%; em seguida, também com deflação, vieram as despesas com “transporte”: -0,34. Nos demais grupos, houve alta nos preços. Porém, a maior delas, em “saúde e cuidados pessoais”, foi de apenas 0,55%. Nos demais grupos, as altas foram as seguintes: “artigos de residência”: 0,03%; “educação”: 0,05% “alimentos e bebidas”: 0,27%; “despesas pessoais”:0,27%, “vestuário”: 0,33%; e “comunicações”: 0,53%.

 

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