Depois de nove anos do lançamento de Harry Potter e as relíquias da morte, J.K. Rowling resolveu reviver o universo do bruxo com material inédito. Tudo começou com a anúncio do espetáculo Harry Potter e a criança amaldiçoada, que estreou em julho deste ano em Londres. O roteiro da peça teatral se tornou um livro, que foi lançado mundialmente em 31 de julho e vendeu 680 mil de cópias em três dias no Reino Unido. A partir desta segunda (31), a obra está disponível no Brasil em edição traduzida para o português.

A criança amaldiçoada
, que é uma versão especial de roteiro de ensaio, é baseada na história original de J.K. Rowling, com texto de John Tiffany e Jack Torne (responsável pela peça), e se passa 19 anos após os acontecimentos do último livro da saga, de 2007, quando Harry Potter destrói Voldermort.

Na nova obra, o personagem principal da franquia de J.K., Harry Potter é um sobrecarregado funcionário do Ministério da Magia e pai de três filhos, Tiago Sirius (o mais velho), Alvo Severo (filho do meio) e Lília Luna (caçula), frutos do relacionamento com Gina Wesley. Dessa vez, o foco da história está em Alvo – nomeado assim em homenagem ao antigo diretor de Hogwarts, Alvo Dumbledore –, que precisa lidar com o peso do legado da família. A produção ainda explora como as trevas vêm de lugares inesperados.

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Cena do espetáculo que deu origem ao novo livro do bruxo (foto: Reprodução)

Uma das grandes novidades em torno da história veio ainda nos palcos, com o anúncio de uma Hermione negra, papel eternizado por Emma Watson nos cinemas. Na peça, foi interpretada por Noma Dumezweni. “Ao assisti-la, me senti conectada com Hermione e as histórias de um jeito que não me sentia desde o lançamento de As relíquias da morte, o que foi um belo presente. Conhecer Noma e vê-la no palco foi como encontrar a versão mais velha de mim mesma e ouvi-la me dizer que tudo ficaria bem, o que, como você pode imaginar, foi imensamente confortante!”, declarou Emma Watson nas redes sociais após assistir ao espetáculo.

Franquia inesgotável – J.K. Rowling nunca deixou o universo que envolve a história morrer. Inclusive, a autora anunciou neste ano o lançamento de mais três livros sobre o mundo de HP: Hogwarts: Um guia incompleto e não confiável; Histórias curtas de Hogwarts sobre poder, política e poltergeists birrentos; e Histórias curtas de heroísmo, dificuldades e hobbies perigosos. As obras estarão disponíveis no site Pottermore, que a escritora alimenta com contos, quiz, entre outras coisas relacionadas ao mundo de Potter.

Em 17 de novembro, J.K. Rowling verá outra sequência de sua franquia ser adaptada aos cinemas. Animais fantásticos e onde habitamacompanhará Newt Scamander, que carrega uma coleção de animais fantásticos do mundo da magia em suas viagens, e precisa usar suas habilidades quando as criaturas acabam saindo de sua maleta em passagem por Nova York. O longa é protagonizado pelo vencedor do Oscar, Eddie Redmayne. Ao todo são esperados cinco filmes dessa nova saga, como anunciado pela escritora em seus Twitter há alguns dias.

Leia crítica do novo Harry Potter

Raquel Lima

Harry Potter e a criança amaldiçoada é uma leitura difícil. Na epopeia em prosa de J.K. Rowling, a narrativa é ambientada logo após o epílogo de Harry Potter e as relíquias da morte, sétimo livro, lançado em 2007. O desafio das novas páginas traduzidas ao português é, antes de mais nada, o gênero. A criança amaldiçoada não é um romance, mas o roteiro de um espetáculo homônimo montado em Londres desde julho, como se sabe. O que talvez não seja público nem notório é que, neste formato, o festejado ritmo de J.K. perde uma ou duas rotações.

É possível reconhecê-la na lida com os personagens, no estilo, na fluidez, mas também percebe-se as outras mãos que assinam a obra: as de Jack Thorne e John Tiffany. Ambos são excelentes dramaturgos, agraciados com dezenas de prêmios na ribalta londrina, mas são um risco à intimidade há muito estabelecida entre a autora britânica e quem leu as mais de 3,5 mil páginas que escreveu e publicou, sozinha, sobre Harry Potter.

A criança amaldiçoada
, que a Editora Rocco chancelou no Brasil como “edição de ensaio”, é como uma visita àquela casa da infância, um passeio pela memória afetiva. E, como tal, pode evocar a sensação agridoce de ver um cômodo, antes gigante, perder dimensão. Assim é quando a autora, agora, revisita personagens idolatrados após 19 anos e, graças a um artefato mágico, em diversas janelas de tempo e espaço. É uma pena J.K. não assinar o livro sozinha, mas correr riscos é algo que a autora sempre fez. Tanto quanto não poupar nem personagens nem leitores. Traço este, aliás, indispensável a qualquer (boa) leitura difícil.

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