Cada dia que passa um número maior de crianças cresce falando mais de um idioma.

Os tempos mudaram mesmo. Quando eu era pequena falava português e pronto. Aprendia um inglês mal e porcamente no colégio – que me desculpem meus ex-professores, mas é a mais pura verdade –, e se quisesse aprender a língua direito era necessário fazer um curso em alguma outra escola especializada. Fazíamos, porém aprendíamos a gramática, etc, mas fluência na conversação não existia.

As poucas pessoas que tinham aptidão para línguas se saiam melhor, chegavam a fazer o toefl, ganhavam diploma e tudo mais. Na nossa turma, que não era pequena, só o Sérgio Botrel (hoje, médico) e a Dâmaris Doro (química, com doutorado em física e fala seis idiomas) falavam inglês e como sempre vinham muitos americanos para cá por causa da Mocidade para Cristo, os dois ficavam como intérpretes, acudindo todo mundo, e a gente tentando se comunicar com mímicas.

Isso me deixou tão desesperada que, apesar de já ter passado um pouco da idade não sosseguei enquanto não consegui arranjar um intercâmbio e fui para os Estados Unidos. Cheguei sem saber falar praticamente nada, mas graças a Deus aprendi. Só assim mesmo. Fiquei seis meses no sul da Califórnia, e foi das experiências que mais amei. Tanto é que não queria voltar. Meus pais tiveram que me buscar.

Achei tão importante que tentei dar essa experiência para minha filha, e consegui. Ela ficou um ano no Canadá e hoje fala inglês fluentemente. Já até traduziu apresentação de curso, etc. Missão cumprida. É muito importante para a carreira de qualquer pessoa saber falar mais de um idioma.

Hoje, é mais fácil, pois existem escolas bilíngues como a Escola América, a Fundação Torino e a Maple Bear. Não são baratas, mas se somar o que se gastaria com o colégio e mais o curso de outra língua e o retorno, já que no cursinho o aprendizado é bem inferior, o custo benefício vale a pena.

Como existem muitos pais que dominam outros idiomas, se tiverem disciplina é possível criar filhos bilíngues. Vejam as dicas que os profissionais da empresa de intercâmbio EF Education First dá:

  1. Para cada um dos pais, um idioma

Nas famílias em que o pai e a mãe têm línguas maternas diferentes, os pais devem falar o idioma nativo com os filhos dentro e fora de casa. Por exemplo, a mãe francesa fala francês e o pai cubano fala espanhol. Se esta família vive no Brasil, o português se torna a língua majoritária e as crianças vão naturalmente usá-la na escola, por exemplo, ganhando fluência mais rápido. Para não deixar que os filhos esqueçam o francês, a mãe francesa que vive no Brasil deve ter cuidado extra para permitir que seus filhos pratiquem bastante o francês, que neste caso é a língua minoritária. Muitos especialistas dizem que são necessárias, pelo menos, 25 horas por semana de prática da língua minoritária. Uma dica é proporcionar a prática com a leitura de livros, filmes, e claro, a interação com a família natural da língua minoritária. Tudo isso vai ajudar os seus filhos a crescerem bilíngues.

  1. Língua minoritária em casa

Uma outra opção é falar a língua minoritária apenas em casa. Isso pode funcionar quando os pais são fluentes em ambas as línguas. Por exemplo, uma mãe italiana cria os filhos em Sydney com o marido australiano, que também fala italiano. Neste caso, toda família usa o italiano em casa, e o inglês é usado quando estão fora dela. Isto evita a sensação de que os pais estejam “excluindo” outras pessoas da interação com sua família em ambientes de sociabilidade. Também fornece uma situação mais clara para as crianças – a casa torna-se o local para a mudança de idioma. O desafio? O pai deve se comprometer a utilizar a sua língua não-nativa dentro de casa (o pai da Austrália, em nosso exemplo).

  1. Mudar para outro país

Se um dos pais tem que se mudar para outro país, por conta de um emprego, isso pode facilitar muito a criação bilíngue dos filhos. Neste caso, uma família se muda para um país estrangeiro e fala a língua dos pais em casa, enquanto usam a língua oficial do novo país fora de casa (com os amigos, na escola, etc). A grande vantagem dessa abordagem é que as crianças vão progredir por meio de um sistema de ensino estrangeiro, dando-lhes o estudo de um outro idioma no exterior antes de atingirem a idade adulta. Quando tiverem uma idade maior, essas crianças vão encarar a ideia de morar no exterior a trabalho ou estudo como algo menos intimidante.

  1. Programas de intercâmbio e imersão linguística

Se os pais têm a mesma nacionalidade e moram no país em que nasceram, e não sabem outra língua, uma boa solução é o intercâmbio no exterior, onde os filhos viverão uma temporada fora, aprendendo um segundo idioma, e vivendo uma experiência inesquecível.

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