Álvares Cabral – A transferência da Associação Municipal de Assistência Social (Amas) para o casarão histórico da Avenida Álvares Cabral, no centro de Belo Horizonte, é uma medida que está ainda em estudos pela Prefeitura de Belo Horizonte, não sendo considerada uma decisão definitiva. A informação foi dada no início da tarde desta segunda (8) pela assessoria de Comunicação da Prefeitura de Belo Horizonte, que, entretanto, não sinalizou para a possibilidade de revisão da decisão de transferir o Museu da Imagem e do Som (MIS), que hoje funciona no imóvel, para o Cine Santa Tereza.

Os servidores do MIS não concordam com a mudança. Na manhã desta segunda, eles receberam a visita de uma comissão de vereadores da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Eles foram até lá para conhecer as instalações da instituição. Em seguida, visitaram o MIS Santa Tereza, para onde o acervo seria transferido. A transferência foi formalizada pela Prefeitura de Belo Horizonte na semana passada e repudiada pelos servidores do museu e do cinema, que chegaram a divulgar uma carta aberta argumentando o posicionamento contrário à transferência.

A demanda por uma nova acomodação já estava sendo articulada entre a Fundação Municipal de Cultura – órgão municipal da qual o MIS faz parte – e a Prefeitura. O martelo foi batido na última quarta-feira (3), quando a PBH divulgou que a atual instalação do MIS deverá ser desocupada em 20 dias, pois passará a abrigar a sede da Amas. O Museu seria instalado, então, na sala multiuso do Cine Santa Tereza.

Na carta aberta feita pelos servidores, eles alegam que a “decisão, que não contou com a participação da equipe, foi tomada sem um estudo dos impactos que serão gerados sobre os serviços e atividades oferecidos pelo Museu e, especialmente, sobre o acervo preservado por ele”.

O museu atualmente conta com um acervo com mais de 90 mil itens e está instalado no casarão histórico há nove anos. Por isso, os servidores ainda argumentam que a “proposta não atende às necessidades específicas do MIS para guarda e difusão do seu acervo, além de descaracterizar a arquitetura e comprometer a finalidade do espaço multiuso [do Cine Santa Tereza]”. Você pode conferir a carta na íntegra clicando aqui.

Os vereadores Arnaldo Godoy (PT), Cida Falabella (PSOL), Gabriel (PHS) e Pedro Patrus (PT) foram os responsáveis pelas visitas técnicas. A transferência também não agradou aos parlamentares. “É inviável e incompatível a transferência do museu para Santa Tereza”, afirmou  o vereador petista Arnaldo Godoy. “O espaço do casarão foi um investimento da gestão Pimentel. Desapropriou a casa, de grande valor. Isso foi um movimento da cidade para criar um centro de referência audiovisual”, argumenta.

Os vereadores não acreditam, também, que o espaço do Cine Santa Tereza esteja preparado para receber o acervo do museu. “Em Santa Tereza, o espaço foi destinado para outra coisa. Para o cinema, para a exibição de filmes para a comunidade e o espaço multiuso para eventos e para a exposições. Não foi feito para guardar acervo desse tamanho”, argumenta o petista.

Os vereadores também alegaram a inviabilidade econômica da transferência. “O prefeito fala que quer cortar gastos, mas a transferência vai usar muitos recursos, é economicamente inviável”, explica.

Em nota, a PBH, por meio da Fundação Municipal de Cultura, afirma que “a reforma anunciada para o MIS Cine Santa Tereza é exatamente para abrigar todo o acervo e para atender às demandas do equipamento. Trata-se da potencialização do Museu da Imagem e do Som de Belo Horizonte e do fortalecimento do audiovisual na cidade”. A prefeitura não se posicionou sobre um possível acordo com os servidores.

Na última terça-feira (2), a prefeitura anunciou um investimento de R$ 1,375 milhão na reforma e na revitalização do Cine Santa Tereza. A restruturação do local visa adequar o espaço para melhor funcionamento da atividade cinematográfica, preservação e fomento da produção visual, além de adequar o espaço para receber o Museu da Imagem e do Som.

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