de Trump – A propensão de Trump à diplomacia do tuíte cria, segundo analistas, uma situação volátil que erros de interpretação podem inflamar

O presidente americano Donald Trump pode ter se aventurado em terreno perigoso ao lançar no Twitter tiradas interpretadas por Pyongyang como uma declaração de guerra, preocupando uma região acostumada a viver no fio da navalha, mas que já prevê a possibilidade de um conflito.

A propensão de Trump à diplomacia do tuíte cria, segundo analistas, uma situação volátil que erros de interpretação podem inflamar.

Trump, que tem se metido em uma disputa cada vez mais pessoal com Kim Jong-Un, chocou Pyongyang ao assegurar que o regime não duraria “por muito tempo”. O Norte reagiu, acusando Washington de “declarar a guerra”.

onsidera Robert Kelly, professor de ciências políticas na Universidade Nacional de Pusan.

Isso não impede uma inflação das tensões, já em níveis elevados após o sexto teste nuclear realizado em 3 de setembro pela Coreia do Norte, que acaba de disparar dois mísseis sobre o Japão.

Após o teste nuclear, universitários chineses fizeram um apelo aberto a Pequim, que apoia Pyongyang, a rever sua posição.

Pyongyang “ignorou os esforços da China” para resolver a crise por meio do diálogo, constata Jia Qingguo, da Universidade de Pequim, em um artigo intitulado “É hora de se preparar para o pior com a Coreia do Norte”.

Neste comentário, o primeiro de uma série de intervenções, Jia pede que Pequim inicie discussões urgentes com Washington e Seul.

– ‘Transtornado’ –

“Quando a guerra se torna uma possibilidade real, a China deve estar pronta”, diz Jia.

Para Kelly, a interpretação mais positiva das declarações belicosas de Trump é que visam persuadir a China, principal aliado e parceiro econômico da Coreia do Norte, “a parar de olhar para longe”.

A China protege tradicionalmente o seu vizinho recluso e imprevisível do medo das consequências desestabilizadoras de um colapso do regime ou conflito.

Mas Pequim aprovou as últimas sanções das Nações Unidas contra Pyongyang. Ainda assim, Trump continua a atiçar o fogo.

Os dois países não mantêm contatos – sem embaixadas, poucas são as oportunidades para compromissos diplomáticos. As relações entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte geralmente se desenrolam em plena luz do dia.

Trump é “mentalmente transtornado”, “Kim é um pequeno rocket man”: as relações parecem terem sido reduzidas ao nível de insultos escolares torna a situação perigosa, aponta Kim Hyun-Wook, professor na Academia Diplomática Nacional da Coreia.

“Os Estados Unidos e a Coreia do Norte não querem transformar isso em um conflito militar, mas se a guerra psicológica continuar, uma das partes pode inadvertidamente atravessar uma linha vermelha que levaria o outro a lançar uma contra-operação, resultando em um conflito armado”, adverte.

Na semana passada, Pyongyang deu a entender que poderia responder aos insultos de Trump realizando um teste nuclear na atmosfera. A próxima vez que o Norte disparar um míssil, as apostas estarão altas, assim como os riscos de um erro de cálculo.

– Angústia –

Na Coreia do Sul e no Japão, onde dezenas de milhares de soldados americanos estarão na linha de frente em caso de ataque norte-coreano, reina a angústia.

Em Seul, onde milhões de pessoas estão à mercê de um ataque convencional, ou mesmo químico, sem mencionar um ataque nuclear, a possibilidade de guerra é um modo de vida.

As estações de metrô também servem de abrigo e máscaras de gás estão disponíveis. Existem exercícios de simulação de ataque cerca de quatro vezes por ano.

Do outro lado do mar, o Japão se preocupa não apenas com a possibilidade de mísseis balísticos que possam transportar cargas químicas, biológicas ou nucleares, mas também o risco de ataques por pulsos eletromagnéticos (EMI) o que poderia destruir sua infraestrutura eletrônica.

O ministro japonês da Defesa, Itsunori Onodera, cujo orçamento acaba de aumentar, disse recentemente que o Japão considera “importante fortalecer sua resistência às armas IEM”.

Em caso de tiros de mísseis, o arquipélago possui um sistema de aviso bem estabelecido, com mensagens de texto e alto-falantes.

No entanto, os japoneses teriam apenas alguns minutos para reagir a um ataque e muitos se sentem indefesos.

Em última análise, segundo Kelly, se a retórica diminuísse e Trump permanecesse longe de seu teclado, o relaxamento frágil que prevalece no Sudeste Asiático há décadas poderia ser restaurado. Mas com uma condição.

“Aprendemos a aprender com as armas nucleares soviéticas, chinesas maoístas e paquistanesas. Também podemos nos adaptar às armas nucleares da Coreia do Norte”.

 

 

 

fonte: Em

Imagem: (foto: MANDEL NGAN/AFP)

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