apoio dos vereadores – Comerciantes ambulantes foram até a Câmara Municipal de Belo Horizonte na tarde desta quarta-feira (5) para buscar junto aos vereadores apoio contra a ação da Prefeitura de Belo Horizonte de retirá-los das ruas da capital.

Os trabalhadores chegaram por volta das 14h30 e ficaram na entrada da Casa esperando algum parlamentar para dialogar. No entanto, segundo eles, quando os vereadores viram a presença massiva deles, foram para seus gabinetes. “Trabalhar assim é bom demais, vem bate o ponto e na hora de encarar o trabalhador injustiçado, eles vão se esconder”, disse Johnson Rochester, 23 anos.

A insatisfação dos trabalhadores do comércio de rua com o prefeito Alexandre Kalil (PHS) é geral e todos reclamam das atitudes dele.

Ambulantes ocuparam a Câmara na tarde desta quarta-feira (Vitor Fórneas/Bhaz)

Há cinco anos, Fabiana Andrade trabalha nas ruas da capital vendendo doces. Para ela, “o ‘tal’ do Kalil faz isso com nós, porque já está com a vida resolvida. Nós, povo humilde, sofremos com a falta de serviço e temos na rua a única solução para viver”.

Moradora da cidade de Esmeraldas, Fabiana alega que esse é um dos motivos que contribuem para estar desempregada. “Já fui em entrevista de emprego e o patrão disse que se soubesse que eu morava em Esmeraldas, não ia nem perder o tempo de me chamar para entrevista”, disse.

Outro aspecto questionado pelos ambulantes é o local onde eles irão exercer as atividades. Para eles, será injusto, pois alguns serão beneficiados no sorteio que será realizado nesta quinta-feira (6). “Kalil disse que iria arrumar um lugar para todos nós e depois nos tiraria das ruas. Ele é um traidor”, alegou Johnson.

Nem todos os ambulantes puderam entrar na Câmara Municipal hoje. Os que ficaram do lado de fora expunham os produtos que vendem nas ruas, como pipocas e brinquedos.

Na sala da Presidência da Câmara, alguns vereadores reuniram-se com representantes dos ambulantes para definir a situação.  Às 16h45, eles saíram da reunião e, para revolta dos ambulantes, foram informados que a decisão não poderia ser revertida, pois “não são os vereadores que governam a cidade”.

Aos gritos de “queremos trabalhar” e “BH é nossa” os camelôs alegaram estar cansados de conversa e de poucos resultados.

A vereadora Cida Falabella (PSOL) afirmou que será encaminhada uma proposta para que seja criada espécie de feira livre, onde todos os camelôs possam exercer suas atividades.

Ainda para essa quarta, foi prometido que um requerimento com os pedidos dos ambulantes será encaminhado ao prefeito Kalil. Aos gritos de “revolução já”, alguns ambulantes saíram da Câmara e foram para a Praça Sete.

Sorteio de espaço acontece nesta quinta

A Prefeitura de Belo Horizonte realizará nesta quinta-feira (6) o sorteio das vagas para os camelôs cadastrados trabalharem em shoppings populares. A ação, que aconteceria no final do mês de julho, teve a data alterada em comum acordo com o Ministério Público de Minas Gerais.

O comunicado foi feito pelo prefeito de Alexandre Kalil (PHS) durante coletiva na última terça (4). A retirada dos comerciantes das ruas da capital faz parte do Plano de Ação do Hipercentro e tem como objetivo cumprir o que está determinado pelo Código de Posturas do Município: a proibição do comércio irregular em logradouro público.

Nos últimos quatro meses, foram cadastrados 1.137 camelôs, segundo Maria Caldas, secretária municipal de Serviços Urbanos. Desde segunda-feira (3), está sendo realizada a retirada dos ambulantes das ruas.

Para o prefeito, “as ações de fiscalização do comércio irregular são definitivas e permanentes” e serão estendidas para os bairros de BH. O prefeito também afirmou que, por governar uma cidade com 2,5 milhões de habitantes, faz-se necessário “devolver o hipercentro de Belo Horizonte para a população e os comerciantes que pagam impostos”.

A mudança do local de trabalho dos ambulantes para os shoppings populares será feita com “diálogo frequente”, segundo Maria Caldas. Ela destacou que a prefeitura irá proporcionar aos camelôs capacitação profissional nessa nova etapa.

De acordo com o Plano de Revitalização do Hipercentro, os camelôs começarão a pagar R$ 30 mensais. “Paralelamente a isso, está em tramitação na Câmara Municipal um projeto de lei que visa a inserção de camelôs em shoppings privados a preços populares. A Prefeitura irá subsidiar parte do aluguel durante cinco anos”, salientou a secretária.

 

 

-bhaz

Relacionados

Comente sobre esse assunto:

Comentários